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Copa do Mundo: psicóloga explica tendência à torcida dos brasileiros
Segundo pesquisa Apoema, 62% da população no país vai torcer ou acompanhar os jogos da Seleção Brasileira.
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RedaçãoA cada quatro anos a cena se repete: amigos, familiares e colegas de trabalho, até mesmo aqueles que não gostam muito de futebol, se reúnem para torcer durante o torneio mundial de futebol. Segundo o estudo “Quem Torce Também Joga”, da agência de pesquisa de comportamento Apoema, 62% dos brasileiros vão torcer ou acompanhar os jogos da Seleção Brasileira, enquanto 71% dizem acreditar que nosso país será o campeão da competição. Mas afinal de contas, por que temos a tendência de seguir o comportamento de “manada” e torcer também?
A psicóloga e professora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera e doutoranda Thais Vargas explica que o Brasil tem aspectos peculiares quando se trata de competição e futebol.
“Por ser um esporte coletivo e possuir muita influência em nossa cultura, o futebol desperta paixões e acaba sendo um objeto de catarse entre as pessoas. A modalidade une tribos diferentes e reforça laços sociais e emocionais entre os indivíduos”, afirma a professora universitária.
Mas não é apenas durante o campeonato mundial de futebol que esse comportamento se repete, em maior ou menor intensidade. Outros eventos importantes, como as Olimpíadas, e datas comemorativas como o Carnaval, Páscoa, Natal, Ano Novo, e até datas comerciais como a Black Friday, movimentam as pessoas.
Em comum, todas elas têm atividades e rotinas realizadas coletivamente, além de aspectos emocionais. São datas que costumam nos fazer relembrar momentos e pessoas importantes do passado: um parente que gostava de acompanhar os jogos, um amigo que decorava a casa para torcer, reuniões em família, entre outras situações que podem despertar o desejo de comemorar em grupo com quem temos afinidades.
Ainda segundo a especialista, o comportamento de torcer pode ser comparado, ainda, à tendência que temos em assistir filmes e séries e ler livros que amigos e conhecidos também estão consumindo. Como o ser humano é um ser essencialmente social, colecionar figurinhas, por exemplo, é uma atividade coletiva que cria a sensação de pertencimento a um grupo social.
Thais Vargas lembra que o conceito de grupos é o tema fundante da psicologia social, com estudos a partir do final do século XIX, pela então denominada Psicologia das Massas ou das Multidões. A professora pondera, amparada no referencial teórico de Le Bon (2008), que é possível compreender que uma multidão organizada pode constituir uma multidão psicológica, uma vez que a massa reunida forma um único ser que se encontra submetido a uma “espécie mental das multidões”. Milhares de indivíduos separados podem, em um determinado momento, sob a influência de certas emoções, como um grande acontecimento de mobilização nacional e/ou mundial, adquirir as características de uma multidão psicológica.
“A palavra ‘multidão’ representa uma reunião de indivíduos quaisquer, mas do ponto de vista psicológico tem outra significação. Em circunstâncias específicas, a reunião de pessoas adquire características novas: a personalidade consciente desaparece, os sentimentos e as ideias de todas as unidades orientam-se numa mesma direção, formando-se uma alma coletiva transitória e nítida”, diz.
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