Caos no transporte público domina pauta da sessão em Dias d’Ávila

Em debate acalorado, os vereadores da Câmara Municipal de Dias d’Ávila colocaram em pauta na sessão desta quarta-feira (24) o problema que se instaurou no transporte público da cidade. Os parlamentares trataram da suspensão do serviço, principalmente nos distritos, e a viabilidade para regularização dos “ligeirinhos”.

O vereador Joabe Palmeira (PP) apresentou requerimento pedindo que o prefeito Alberto Castro (PSDB) cobre da Turim a razão pela qual os ônibus que faziam o roteiro do Leandrinho e Cidade Mirim foram retirados, enviando para a Casa a resposta da empresa. Conforme o progressista, a demanda é um pedido da comunidade.

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“Essa empresa desrespeita completamente os munícipes da nossa cidade, desrespeita descaradamente”, disparou Joabe Palmeira durante defesa do requerimento.

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O parlamentar destacou que o problema também afeta moradores da Concórdia, Varginha, Cristo Rei e parte do Centro. “Hoje esses moradores estão sendo penalizados de forma injusta”, frisou. “A verdade é que nós, moradores, cidadãos diasdavilenses, não suportamos mais essa empresa. Ela desrespeita em tudo, nos horários, tira o transporte e não informa ao usuário”.

Joabe Palmeira disse que a Turim alegou problemas financeiros para a suspensão do transporte no Leandrinho e Cidade Mirim. Diante do impasse, o vereador também sugeriu à Presidência da Câmara entrar com pedido junto ao Ministério Público (MP) para regularização do serviço.

“Ninguém suporta mais isso. Desde quando a pandemia se instalou, eles tiraram, aproveitou e retirou o transporte, e quando reativou o transporte, eles não reativaram o transporte nesses bairros. Que desculpa, qual foi o álibi que ela usou? Discutiu com a comunidade, discutiu com o poder público? Não discutiu”, reclamou. “Eu vou procurar todas as instâncias possíveis para essa empresa deixar Dias d’Ávila ou se adequar. Ou se adequa ou sai”.

Assista:

Também em defesa da matéria, a vereadora Professora Rosenir (PT) destacou que esta não é uma questão que afeta apenas Dias d’Ávila. “Não é só Dias d’Ávila, a gente está vendo também a cidade de Camaçari sofrer com o transporte”, pontuou. A petista ainda sugeriu a realização de audiência pública para debater o tema, com recorte específico para os estudantes da rede pública, que dependem diretamente do sistema de ônibus, cujo tema seria “Transporte público nos horários escolares”.

“A gente está colocando justamente essas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade”, sinalizou ao apontar o cenário da violência urbana como agravante, junto à falta de transporte público.

Vereadora Professora Rosenir (PT). Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Na mesma linha, o presidente da Casa, vereador Renato Henrique (PP), propôs que a Câmara convoque as partes envolvidas para debater de que maneira o Poder Público pode solucionar o impasse. “Sugiro que convide a prefeitura e a empresa, até para não ficar só nessa questão de ofício”, falou.

Presidente da Câmara, vereador Renato Henrique (PP). Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Com a aprovação do requerimento apresentado pelo vereador do PP, o vereador Pastor Júnior de Araci (PSD) sinalizou que tanto a Câmara quanto a prefeitura já acionaram o Ministério Público, “mas até agora não resolveu nada”. Por meio de requerimento verbal, apresentado com caráter de urgência urgentíssima, o pessedista indicou como possível alternativa que o governo municipal realize estudo de viabilidade para concessão de placas de aluguel para os motoristas que circulam como “ligeirinho” nessas comunidades.

De acordo com o parlamentar, até 16 motoristas que hoje trabalham de maneira clandestina poderiam ser beneficiados com a medida.

Assista:

O vereador Cleiton Lima (PSD) pediu ao Pastor Júnior de Araci que o requerimento também inclua os “ligeirinhos” que atuam na Biribeira, Emboacica e Barragem de Santa Helena. “Hoje faz 16 dias que não está funcionando o transporte público, não tem ônibus [nos distritos]”.

Conforme o líder do governo na Casa, vereador Josemar da Jolicar (União), o prefeito Alberto Castro tem mantido diálogo com o MP para também ver a possibilidade de as empresas Cidade das Águas e Brisa substituírem a Turim.

Briga

A votação do requerimento em caráter de urgência urgentíssima provocou briga entre os vereadores Josemar da Jolicar e Cleiton Lima.

Convocado pelo vereador Junior do Requeijão (PSDB) para uma orientação aos parlamentares governistas sobre como votar a matéria, Josemar da Jolicar afirmou, inicialmente, que iria se abster da votação por não considerar adequada a proposição para o momento.

“Após reunião que está acontecendo entre o Ministério Público, prefeitura e empresa, após uma decisão que vai acontecer, eu concordaria com vossa excelência [Pastor Júnior de Araci] nesse requerimento para discutir. Caso não tenha transporte para aquela localidade eu entendo que caberia. Então, eu não vejo a necessidade nesse momento de estar em discussão esse requerimento urgente urgentíssimo, desde quando existe tratativas. Então, eu, particularmente, estarei me abstendo da votação da urgência urgentíssima desse requerimento”, opinou.

Líder do governo na Câmara, vereador Josemar da Jolicar (União). Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

O vereador Pastor Júnior de Araci rebateu o posicionamento do colega de Casa e fez uma referência indireta à votação da nova mesa diretora da Câmara, marcada para 1º de setembro, quando também poderia ter o direito de se abster. Josemar da Jolicar é um dos nomes que pode concorrer à presidência.

“Fico feliz com a palavra abstenção. Essa palavra soa bem aos meus ouvidos, essa palavra abstenção me soa algo assim que reverbera dentro do meu coração de forma latente. Quando vossa excelência se abstém, vossa excelência me dá legalidade também pra me abster em outras colocações aqui nesta Casa Legislativa. E quero dizer a vossa excelência que existe um ano e oito meses que não se resolveu a situação do transporte coletivo do Leandrinho, e vem se arrastando, e não é culpa da prefeitura. E em nenhum momento eu solicitei que a prefeitura libere placa, dê placa. Veja muito bem a minha colocação: se é viável”, reivindicou.

Josemar da Jolicar voltou a defender o seu posicionamento e pediu novamente que o pessedista aguardasse o fim das tratativas, mas desta vez mudou o seu voto, sendo favorável ao requerimento.

“Caso vossa excelência ache por bem, que é um direito adquirido, que coloque esse requerimento urgente urgentíssimo com essa finalidade, votarei a favor do seu requerimento para que haja uma viabilidade”, disse o líder da bancada governista. “Se era o problema de eu me abster ou não, eu vou votar a favor do vosso requerimento”.

Vereador Cleiton Lima (PSD). Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

A mudança de opinião foi criticada duramente por Cleiton Lima. “Todos vocês viram que no começo dessa sessão o líder do governo, o vereador Josemar, queria colocar um requerimento de urgência urgentíssima para colocar o rito da eleição da Câmara, mas os moradores da Biribeira, da Barragem e da Emboacica há 16 dias sem coletivo não é urgente, os moradores do distrito do Leandrinho sem transporte público não é urgente para o vereador Josemar. O caos do serviço de transporte público do nosso município não é urgente para o vereador Josemar”, alfinetou.

Josemar da Jolicar rebateu a fala do vereador oposicionista e o chamou de “fanfarrão”, ao dizer que Cleiton Lima deve ter uma “diarreia cerebral”.

“Eu acho que esse vereador fanfarrão que falou nesse instante aqui deve ter diarreia cerebral, porque em nenhum momento eu disse que ia votar contra um requerimento no que diz respeito ao que o vereador Júnior de Araci falou, e só na cabeça dele uma pessoa igual a mim votar contra quem quer que seja. Ele, sim, já é praxe ficar contra as pessoas, ele difamar, denegrir, ele querer manchar a reputação das pessoas, mas ele não vai conseguir, pode ter certeza disso. Talvez ele vai se envenenar com o próprio veneno, esse fanfarrão. E vocês vão ver que é um fanfarrão, porque ele fala tanto, que hoje os vereadores da situação estão amordaçados… e ele estava aonde os quatro anos que se passaram? A cidade era um mar de rosas, tudo estava redondo?”, disparou.

“Esse teatro que ele faz aqui, ele está achando que está abafando, que ele está se dando bem. Eu acho que ele precisa realmente ir pra rua pra ouvir o que as pessoas falam dele”, falou.

Assista: