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Camaçari: abandonada, região do antigo Camelódromo enfrenta graves problemas de infraestrutura e limpeza
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Carolina TorresUm lugar hostilizado e assombrado pelas paredes riscadas, janelas quebradas, bitucas de cigarros e estilhaços de vidro pelo chão, mau cheiro espalhado pelo local, poças de água que com o passar do tempo foram formando crostas de sujeiras. Está é a realidade do antigo Camelódromo, na Rua Castro Alves, no Centro de Camaçari.
Em uma das regiões mais movimentadas da cidade com grande circulação de pedestres, o espaço apresenta condições inapropriadas de utilização, tornando-se um local propício para o acúmulo de lixo dentro e em torno da área. Os problemas na infraestrutura do local não estão somente no equipamento público. O calçadão que é ocupado por 32 barracas improvisadas, carrinhos de mão com frutas e verduras, dois box’s fixos e um carrinho de churros, está com a estrutura comprometida com os pisos com inclinações, rachaduras e buracos no percusso.
O contador, Antônio Araújo, 64 anos, reside há quase 40 anos no município e se intitula como ‘filho da terra’. Com um pouco de dificuldade de mobilidade, apoiado na muleta, ele afirma que o espaço “requer uma manutenção mais eficiente, que não existe. A gente vê alguns buracos, se você olhar é inclinado e dificulta na hora de andar, eu tenho que procurar espaços adequados para conseguir andar”, expressou.
Seu Antônio ainda faz ressalvas sobre o equipamento público municipal. “O Camelódromo para mim criou-se uma lavagem de dinheiro, que foi um investimento muito alto e que não foi em frente, e que hoje me pergunto cadê os equipamentos que estavam aí dentro? Estão aonde? Fizeram o que? Então isso aí deveria utilizar como algo rentável para a cidade, alguma coisa de lazer para as crianças. Poderia se criar a creche que se cogita na Feira, para quê um espaço melhor do que esse?!”, indagou.
Em frente ao antigo Camelódromo, diversas famílias possuem pequenos comércios, e vendem mochilas em cima de madeirite, comercializam roupas, acessórios e lanches em barracas. Com um comércio de capa de celular no calçadão, Luciana Silva, 34 anos, trabalha há dois anos no local com a ajuda do filho. Sobre as condições do antigo empreendimento ela expressa que “eles [Governo Municipal] poderiam usar esse espaço para fazer alguma coisa. Não ficar abandonado”.
O casal de comerciantes Juarez Cerqueira e Maria José Régis, trabalha há mais de 20 anos no comércio informal, e em sua barraca eles vendem guarda-chuva, pochete, boné e demais variedades. Ao Destaque1, Juarez conta que quando ele chegou ao calçadão o Camelódromo já estava abandonado e sem condições apropriadas de utilização. “A maioria das pessoas que trabalharam aqui estão na Feira”, comentou.
Funcionando há 17 anos em uma parte do Camelódromo, a Associação Camaçariense de Tênis de Mesa é uma organização social sem fins lucrativos que promove aulas gratuitas de tênis para as pessoas do município. Em situações instáveis, o espaço utilizado pela associação não possui condições apropriadas para funcionamento. As portas que eram de vidro estão com madeirite improvisado, janelas quebradas e banheiros sem portas.
A associação está passando por pequenas reformas na estrutura. O diretor e treinador que atua na área esportiva há 20 anos, Maurício Calhau, afirma que a organização passa por diversas dificuldades para se manter no espaço. Em entrevista ao Destaque1, Maurício explica que todas as manutenções que estão sendo feitas no espaço são com doações e investimentos dos próprios alunos.
“A gente vem há mais de 17 anos brigando para fazer esporte na cidade. O esporte em Camaçari, ele hoje tem uma equipe de pessoas que estão fazendo o esporte acontecer, a noite nos dias de segunda e quarta, são mais de 40 pessoas jogando tênis de mesa aqui. No nosso espaço estamos tentando fazer uma reforma para melhorar o esporte para a comunidade”, desabafa Maurício.
Ainda segundo Calhau, as aulas só não foram canceladas até o momento, a pedido dos alunos que treinam no espaço. Funcionando de segunda à sexta, das 14 às 18h e às segundas e quartas de 14 às 18h, em média participam das aulas mais de 40 pessoas. Na área estão distribuídas 11 meses para os treinos e competições. “O nosso objetivo maior é que a criança esteja no esporte, para não estar no meio errado e também é formar um cidadão de bem e massificar o esporte”, finaliza o professor.
Tendo os equipamentos e materiais de trabalho para praticar o tênis de mesa furtados mais de duas vezes, os alunos estão construindo um muro para dividir o espaço e torná-lo mais seguro. Atualmente, apenas dois vigilantes contratados pela própria associação fazem a segurança do local.
Projetos e propostas
Em 2016, o ex-prefeito Ademar Delgado (PT), assinou uma ordem de serviço para o espaço de 2.663,30 metros quadrados com a garantia que o espaço se tornaria um Restaurante Popular, contemplando toda a área do Camelódromo. O investimento passaria de R$ 3 milhões e as obras estavam previstas para começar em junho do mesmo ano.
Esta foi uma das propostas apresentadas à população para a recuperação e utilização do espaço, além da construção de uma creche. Já em outubro de 2018, durante a sessão ordinária na Câmara Municipal de Camaçari, o vereador Jackson Josué apresentou a Indicação de n° 729/2018, sugerindo que no local fosse construído uma Biblioteca Universitária. Durante a sessão realizada em 23 de outubro de 2018, a indicação foi aprovada por unanimidade. “Aquela área está se destruindo, um patrimônio público e foi um pedido, uma demanda dos estudantes universitários do nosso município porque Camaçari não tem uma biblioteca universitária”, defendeu Jackson na época.
Em contato com a Prefeitura Municipal de Camaçari, sobre os problemas encontrados no local, a Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) respondeu através de Nota enviada ao Destaque1 que o poder público possui um projeto para o aproveitamento do espaço e que está em processo de análise.
De acordo com a Sesp, a reforma e construção será distribuída em três setores, sendo a primeira um SAC Municipal para atender as principais demandas de documentos, benefícios e serviços voltados à população. O segundo, Espaço Única com exposições e contextualização histórica do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), e por último a Nave do Saber, que funcionará como um escritório virtual para a população ter acesso a internet.
Questionados sobre a limpeza e iluminação do local, a secretaria afirma que “a Sesp fará a manutenção rotineira até que o projeto que está sendo estudado para o local seja definitivamente implantado”, finaliza. Na nota não informa um prazo de quando será implantado o projeto ou dará início as obras.
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