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Cultura e Entretenimento

Bule-Bule a Lara Nunes, poetas de Camaçari se destacam no universo cultural

Carolina Torres

Publicado

em

Bule-Bule a Lara Nunes, poetas de Camaçari se destacam no universo cultural

Ler, escrever, criar e declamar poesias são a fonte de energia que move diversos artistas, impactando inúmeras pessoas em geografias diferentes através das suas obras. Preservando e incentivando essa prática, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) declarou a data 21 de março como o Dia Mundial da Poesia. Em Camaçari, a velha guarda e os novos talentos vêm florescendo com o passar do tempo, se destacado no cenário cultural do município, sendo referência e inspiração para outros artistas.

Considerado um dos maiores mestres da cultura popular brasileira, Antônio Ribeiro da Conceição, de 71 anos, ou Mestre Bule-Bule como é popularmente conhecido, é poeta, repentista, músico e escritor. O artista possui um vasto trabalho com contos e histórias sobre o Nordeste. Recebendo o Destaque1 em sua residência, ele apresenta para nós as suas obras espalhadas pelos quatro cantos do ateliê. De cordel a quadros pendurados na parede, Bule-Bule fala sobre a relação com a poesia, que foi se consolidando ao longo dos 51 anos de carreira.

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“Eu gosto de poesia, agora muitas vezes não escrevo o que mais gosto, eu escrevo o que a oportunidade me proporciona. As vezes escrevo, declamo e canto o que não é do meu gosto, por exemplo “Chora o Nordeste com a morte de Rodolfo Cavalcante” é um grande cordel que escrevi sobre o mestre que fez 100 anos de memória […], é um trabalho que eu não gostaria de ter escrito, é um corte de existência”, lembrou o artista.

Bule-Bule a Lara Nunes, poetas de Camaçari se destacam no universo cultural

Mestre Bule-Bule. Foto: Hyago Cerqueira/Destaque1

Para Bule-Bule a mensagem que ele pretende passar para as pessoas com as suas obras é sobre “respeito a natureza, respeito a vida, combater a fome e preconceito, motivar a sabedoria não só a popular. O conhecimento em geral. Um país que não preserva a sua memória ele é muito fácil de ser acabado, de ser desaparecido, de entrar no caos. O povo de uma região merece ter consciência da sua ancestralidade, se você não respeita o ontem fica difícil de você ter o seu seguro amanhã. O amanhã é feito hoje, é preparado agora […]. É dar voz a quem não tem”, expressou.

Mesmo sendo poeta, o artista constrói histórias e contos voltados para os repentes e cordéis percorrendo pelo lirismo, porém não deixando de fazer críticas às injustiças sociais, políticas e culturais. Em 1970, Bule-Bule escreveu poemas que faziam referências ao período da Ditadura Militar clamando por liberdade e voz em meio as circunstâncias daquela época.

“A palavra para mim se tornou a essência porque eu falo no que eu canto, falo no que declamo, eu falo no que eu improviso e penso falando alto para escrever também. Até o que eu boto no papel é palavra dita por mim de uma forma para outros dizerem mais na frente. Por tanto a ferramenta palavra, a voz, o metal da voz tem me dado essa desenvoltura para chegar a pontos que eu não imaginei”, conclui o escritor.

Bule-Bule a Lara Nunes, poetas de Camaçari se destacam no universo cultural

Lara Nunes. Foto: Arquivo Pessoal

Conquistando novos espaços, a baiana, poeta, cantora, compositora e slammer Lara Nunes, de 20 anos, vem se destacando nos coletivos culturais de Camaçari e no âmbito nacional. Em 2018, a artista participou pela primeira vez do campeonato nacional Slam BR em São Paulo, e neste domingo (24), ela participará do Torneio Nacional Singulares de Poesia, no Sesc de Ipiranga, também na capital paulista.

Feminista e militante, a poeta é uma das integrantes do Slam da Mulé e traz em suas obras as temáticas sobre as questões femininas, raciais e de classe, assédio, genocídio do povo preto, rotina de trabalho, entre outras problemáticas. “É preciso tocar nesses pontos com veemência”, enfatiza Lara.

“A maioria dos poemas que escrevo estão no espectro dos sentimentos, o amor, a perda, o conhecer a si mesmo […]. Ainda vou lançar um livro com minhas poesias mais íntimas […], sempre fui muito ligada a arte, principalmente a música, que é minha paixão. Então, a poesia sempre esteve transitando por mim. Ler, rabiscar, tentar criar, sempre gostei. Comecei a escrever mesmo, enxergar beleza no que escrevia, no ensino médio”, conta.

Questionada sobre as suas principais inspirações, a baiana cita artistas que para ela se tornaram exemplo de vida. Nega Fyah, membro do Slam das Mina – BA, Pedro Bomba, Allan Jhones, Cristiane Sobral, Sérgio Vaz, Elisa Lucinda, Mel Duarte, Luz Ribeiro e Bell Puã.

As referências são várias, principalmente na poesia de rua. Cada poeta que conheço se torna uma inspiração, porque na rua a poesia é muito mais do que o poema, se estende pela nossa história e pela história do outro, por vivências e identificações. A partir da poesia você consegue conhecer o poeta, a cultura do estado, cidade que ele vem, os problemas que são iguais mesmo a tantos quilômetros de distância (…), afirma Nunes.

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Jonas Gabriel. Foto: Hyago Cerqueira

Estudante, artista de rua, fotógrafo e poeta, Jonas Gabriel, 16 anos, tem como referência para escrever as suas obras o emblemático Jorge Amado e Marcelino Freire, que para o jovem após a leitura do livro Contos Negreiros, a narrativa mudou completamente a rota da sua trajetória de vida. Jonas ainda percorre por outras artes, como a do grafite e teatro.

“Desde criança eu sempre tive o hábito de ler, eu fui alfabetizado pela minha mãe e ela escreve poesias. Hoje, ela deu uma parada, mas desde sempre ela escreveu e isso eu tenho de família. Comecei a criar gosto por literatura e comecei a escrever música, eu compondo. Eu era orador da igreja, comecei a escrever e mostrava algumas coisas para as pessoas mais próximas e com o passar do tempo fui desenvolvendo a arte da poesia”, revela o artista sobre a sua trajetória.

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Em seu perfil no Instagram, @opoesiar, ele apresenta as suas principais obras no portfólio digital. Com mais de cinco mil seguidores, o jovem escreve sobre temáticas variadas. “Eu gosto de fazer a galera pensar, eu acho que a arte não existe para deixar você na zona de conforto, a verdadeira arte faz com que você pense fora da caixa, com que você raciocine para que você leve isso para outras pessoas. Então, além de amor, eu gosto de falar a respeito do racismo. Não do que é o racismo, que a gente sabe e sente na pele o que é o racismo, mas dar armas para que pessoas pretas assim como eu possam vencer o racismo”, destacou.

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Ivan Antonio. Foto: Hyago Cerqueira

Natural do sertão pernambucano e oriundo de uma pequena cidade, Arco Verde, Ivan Antonio se tornou uma das referências poéticas em Camaçari, no âmbito nacional e internacionalmente. “O estado de solidão sempre foi muito permanente na minha existência, porque eu sou filho de retirantes, meu pai tinha esse trabalho artístico, mas também era carpinteiro. Então, sempre que tinha um emprego em uma cidade ele ficava, dois anos depois aquela empresa mudava de lugar e tinha que ir para outro lugar. Foi assim que cheguei aqui”, conta.

O artista apresenta como inspiração para as suas obras Miro Bahia, Milane Rios, Bule-Bule, o seu irmão Ivonaldo Antonio e outros artistas da região. Uma das suas últimas obras lançadas a pouco tempo chama-se “Amor Silenciosa Revolução”, que fala sobre as suas vivências no mundo, solidão dos povos e pela América Latina, e possui uma linguagem bilíngue, português e inglês.

“Enquanto você estava amando a cidade, amando as pessoas, nascendo os grandes amores, as grandes amizades, você é obrigado a ir embora. A minha poesia ela vem daí, dessa busca, o que é mesmo essa minha solidão e através dessas minhas pesquisas da minha própria solidão também entender a solidão do outro, portanto nesse sentido eu não julgo as pessoas […]. Eu pautei a minha vida em observar o outro com muito amor, com muita compaixão, com muita ternura e com muita tolerância, porque todos nós estamos aqui numa missão linda no planeta. Fazer o bem”, ressalta o poeta sobre as suas obras.

“A Menina e o Arco-Íris”, declamada por Ivan Antonio 

 

Expandindo a literatura regional, Ivan, em parceira com o produtor cultural e poeta, Valdir Rios, deu início a Casa do Poeta, em Camaçari. Inaugurada há mais de um mês, o espaço está situado no Centro Cultural Tambor Lascado, na Radial B. O equipamento serve como alternativa para outros artistas colocarem o trabalho em evidência, trocarem conhecimento, ideias e fortalecer as diversas linguagens culturais.

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Clara Pinto. Foto: Arquivo Pessoal

Escrevendo desde 2013 para expor os seus sentimentos e ideais, Clara Pinto, 19 anos, encontrou na poesia uma forma expressar seus pensamentos. Em seu perfil no Instagram de poesias autorais, @de.clara.ndo fazendo jus ao seu nome, ela conta com mais de 230 poesias na plataforma digital. Além disso, em anotações e rabiscos esses números ultrapassam mais do que o esperado.

Estudante do curso de Bacharelado Interdisciplinar de Artes, na Universidade Federal da Bahia (UFBa), Clara possui uma ligação íntima e profunda com diversas linguagens e performances artísticas. As suas poesias abordam problemas sociais, como racismo, machismo, LGTFobia, além de temáticas melancólicas, como amor, saudades e decepções. “Tudo vai de acordo com meu humor no momento, e com a forma em que meu eu interior dialoga com o externo”.

“Eu tenho uma relação muito profunda com a arte desde criança. Não é à toa, que entrei no curso de teatro aos 12 anos. Esse amor me faz além de exerce-la, estudá-la. Além da poesia e do teatro, eu componho, canto e pertenço a um grupo de Rap chamado Bruxas Gang, e sou diretora e coreógrafa da Quadrilha Junina Foguete de Reis, a qual fundei com amigos no ano passado. Tenho vontade de aprender algo no meio das artes plásticas também, as quais não tenho nenhuma aptidão, mas enfim, são coisas a serem pensadas futuramente”, contou a jovem.

 

Para a garota, as suas referências no cenário poético e musical são a poeta e artesã Isabella, do Rio de Janeiro, que ela acompanha pelas redes sociais desde 2016 e a rapper Aurea Maria, que também é conhecida como Semiseria.

Falando sobre o reconhecimento das pessoas e a sensação de fazer com que sua voz reverbere em outros espaços, a artista destaca a sintonia com o público que a acompanha.  “Como serviu (e ainda serve) como desabafo, eu tento passar aquilo que sinto, e assim conquisto pessoas que sentem o mesmo, ou de maneira parecida. O interesse inicial é desabafar, e de bônus eu recebo o carinho e gratidão de quem lê. Então é uma troca mesmo”, finaliza.

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