Últimas
Brasil assassinou 140 travestis e transexuais em 2021; 81% das vítimas eram negras
Entre os estados, a Bahia saiu da terceira para a segunda posição, com o total de 13 assassinatos.
Publicado
em
Por
Camila São JoséUm dia antes da data que marca o Dia da Visibilidade Trans, celebrado neste sábado (29), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) publica a quinta edição do Dossiê – Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021.
Os dados revelam que o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo, pelo 13º ano consecutivo. Somente no ano passado, a Antra contabilizou ao menos 140 assassinatos, sendo 135 de travestis e mulheres transexuais, e cinco de homens trans e pessoas transmasculinas. Além disso, 81% das vítimas eram travestis ou mulheres trans negras.
Nesse cenário, pelo menos 78% dos assassinatos foram de travestis e mulheres trans profissionais do sexo.
Quanto ao perfil das vítimas, a Antra informa que 40 delas não tinham informação sobre a idade. O Mapa dos Assassinatos 2021 aponta ainda que cinco (5%) vítimas tinham entre 13 e 17 anos, 53 (53%) tinham entre 18 e 29 anos; 28 (28%) tinham entre 30 e 39 anos; 10 (10%) entre 40 e 49 anos; três (3%) entre 50 e 59 anos; e uma (1%) entre 60 e 69 anos. A idade média das vítimas foi de 29,3 anos.
O total de vítimas com menos de 18 anos nos últimos cinco anos soma 27 casos ou 5,6% das 483 fontes que trouxeram informações sobre a idade das vítimas, sendo 26 pessoas transfemininas e uma pessoa transmasculina. Vale ressaltar que em 2019 e 2021 a idade da mais jovem vítima era de 15 anos. Em 2021 esse dado caiu para 13 anos.
O ano de 2021 revelou um aumento de 141% em relação a 2008, ano em que a ONG Transgender Europe (TGEU) começou o monitoramento global e apresentou o número mais baixo de casos relatados, saindo de 58 assassinatos em 2008 para 140 no ano passado.
Em 2020 foram 175 assassinatos. Embora haja uma redução de 20% no número de casos, a Antra aponta que essa queda está bem abaixo da alta observada em 2020, que foi de 42%, mais que o dobro.
Os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, junho, agosto e outubro de 2021 foram os que registraram maior número de assassinatos, alcançando uma média de 11,7 por mês. Abril e agosto, por exemplo, tiveram 19 casos cada um.
Em um recorte territorial, levando em consideração dados absolutos, o estado de São Paulo aparece como o que mais matou pessoas trans em 2021, com 25 assassinatos, se mantendo no topo do ranking pelo terceiro ano consecutivo. A Bahia saiu da terceira para a segunda posição, com o total de 13 assassinatos. O terceiro lugar ficou com o Rio de Janeiro, com 12 casos.
No levantamento por região, o Sudeste contabiliza 49 assassinatos (35% dos casos), o Nordeste tem 47 casos (34%), Centro-Oeste com 15 (11%), Norte possui 14 (10,5%) e Sul com 13 (9,5%). Conforme o dossiê, em 2021 o Nordeste apresentou queda, enquanto as demais regiões apresentaram aumento no número de casos, com destaque para o Sudeste, que vem aumentando desde 2018.
A média de assassinatos dessa população, considerando o período de 2008 a 2021, é de 123,8 por ano. Segundo o dossiê, o país ainda está acima da média geral, considerando os números totais ano a ano.
Já entre 2017 e 2021, foram 781 assassinatos de pessoas trans brasileiras. Durante esses cinco anos, a Bahia soma um total de 72 assassinatos.
A Antra explica que o levantamento é feito de forma quantitativa, já que não existem dados demográficos sobre a população trans brasileira que permita um cruzamento, a fim de conhecer a proporção da população trans versus o número de assassinatos. Os dados são colhidos a partir de pesquisas dos casos na mídia, relatos pessoais, órgãos governamentais e de segurança pública, grupos, processos judiciais, entre outros. Portanto, diante da subnotificação, a entidade estima que os números podem ser maiores.
Veja aqui o documento na íntegra.
Leia Também
-
Prazo para motoristas renovarem exame toxicológico segue até 31 de março
-
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7
-
Jogo do Brasil com a Inglaterra marca início da era Dorival Júnior na seleção
-
Fies 2024: estudantes pré-selecionados já podem complementar a inscrição
-
Camaçari é a quarta cidade com ar mais poluído do Brasil, aponta relatório
-
Caixa paga novo Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 5