Opinião
Bolsonaro e sua homofóbica máscara de cloroquina, por Kaique Ara
O recorrente comportamento do atual presidente do Brasil, de falta de empatia e indiferença tanto com relação a Covid-19, quanto a homofobia, reforçam a sua postura enquanto genocida.
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Kaique AraO Brasil se assustou com a notícia que relaciona um termo homofóbico ao uso de máscaras, feita pelo presidente da república, Jair Bolsonaro, na tarde de hoje (8). Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, visitantes do Palácio do Planalto atestaram que, em mais uma atitude estupidamente homofóbica, disfarçada de brincadeira com seus pares, Bolsonaro atribuiu o uso da máscara como “coisa de viado”. Enquanto o Brasil assusta com a morte de mais de 67 mil pessoas, acometidas pela avassaladora Covid-19, a fala do presidente escandaliza uma outra “enfermidade” histórica e mortal do nosso país: o preconceito. A homofobia, que é crime no Brasil, mata um LGBTQi+ a cada 26 horas, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB).
O recorrente comportamento do atual presidente do Brasil, de falta de empatia e indiferença tanto com relação a Covid-19, quanto a homofobia, reforçam a sua postura enquanto genocida. Recém-diagnosticado com a doença, Bolsonaro se mantém de forma irresponsável sobre o uso da máscara, acessório este, que se tornou um dos principais instrumentos de combate à pandemia. Em sua mais recente entrevista coletiva com a imprensa, o mesmo fez questão de retirar a máscara que usava, o que causou, mais uma vez, repercussão negativa e perplexidade, com a clara intenção de deslegitimar a importância do equipamento. Desde o início da pandemia, o presidente também cumprimentou pessoas através de contato direto com as mãos, contrariando todas as recomendações internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sem ministro titular da saúde, desde a saída de Nelson Teich, em 15 de maio, o país acelera com o número de contaminados pela doença. Com poucas medidas de combate ao avanço do vírus, a próxima estratégia do presidente parece ser a legitimação do uso da hidroxicloroquina. O medicamento, amplamente usado em combate de doenças como lúpus e artrite reumatóide, não tem comprovação científica sobre sua eficácia contra o coronavírus. No mês passado, inclusive, a FDA (Agência Americana que regula o uso de medicamentos) revogou o uso da substância para o tratamento da Covid-19.
Enquanto diversos líderes mundiais recém-recuperados da doença se colocam no front de combate à pandemia, a exemplo do primeiro ministro da Inglaterra, Boris Johnson, esperava-se, no mínimo, uma postura similar por parte de Bolsonaro. O que é considerada como uma “gripezinha” e “resfriadinho” para o presidente, para muitos têm sido o fim do caminho. Para Bolsonaro e a própria família se torna fácil menosprezar os possíveis estragos ocasionados pela doença, uma vez que dispõem de uma rede se suporte de saúde de excelência. Enquanto desfruta de privilégios à sua disposição, negros, idosos e periféricos, sobretudo, penam nas fila das UPA’s e hospitais superlotados com toda a cadeia do Sistema Único de Saúde (SUS), em colapso, de ponta a ponta do país. O Brasil tem um presidente que não se importa com a perda de vidas, ignora as necessidades básicas para sobrevivência das pessoas e, enquanto isso, os brasileiros permanecem à deriva, divididos entre a expectativa da próxima atrocidade executada pelo presidente e a manutenção da fé e esperança por dias melhores. “Pátria amada, Brasil”, mas pra quem, mesmo?
Kaique Ara é historiador e mestrando em Estado, Governo e Políticas Públicas.
**Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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