Bahia registra nascimento de primeiro bebê com anticorpos contra a Covid-19

Patrícia Marques, médica ginecologista, especialista em reprodução humana e atuante na área de obstetrícia na Maternidade Climério de Oliveira, engravidou durante a pandemia. O medo de contrair a Covid-19 esteve presente em toda a gestação. Ela foi imunizada contra o vírus e deu à luz no dia 21 de maio, em Salvador, quando seu filho Mateus se tornou o primeiro recém-nascido baiano com anticorpos contra o novo coronavírus.

Como profissional de saúde, ela tomou a primeira dose da vacina AstraZeneca/Oxford em 4 de fevereiro e a segunda dose no dia 5 de maio, 16 dias antes do parto. À época, ainda não havia recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a AstraZeneca não fosse aplicada em gestantes. A orientação só foi publicada em 11 de maio (lembre aqui).

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“Engravidei nessa fase difícil da pandemia e não pude deixar de trabalhar, continuei atendendo nos consultórios, e da parte da obstetrícia ainda mantinha uma certa carga horária presencial. Conversei com a minha obstetra, que estava me acompanhando, e a gente entrou em um acordo que, por eu estar exposta ainda, o risco da doença poderia ser bem pior que o risco de tomar a vacina. Então, em comum acordo, a gente decidiu tomar a vacina, e no dia que eu fui, como profissional de saúde, só tinha a disponibilidade da vacina de Oxford/AstraZeneca”, lembra.

Marques conta que não sentiu nenhum efeito colateral após tomar as duas doses. No dia do nascimento, junto com a equipe médica, decidiu fazer um teste de Covid-19 e, “para nossa surpresa e felicidade, os dois imunes”.

A diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro, explica que o teste foi realizado com amostras de sangue da mãe e da criança, coletadas e processadas dois dias após o nascimento pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA). “Embora não haja protocolos definidos pelo Ministério da Saúde para avaliação de recém-nascidos, consideramos que este é um importante passo no monitoramento dos casos e para novas discussões sobre vacinação de gestantes”, avalia a diretora.

A presença de anticorpos na mãe, Patrícia Marques, e no pequeno Mateus, foi confirmada por teste de sorologia no Lacen-BA, que implantou a metodologia para a quantificação de anticorpos para a Covid-19 recentemente. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) afirma que o recém-nascido será acompanhado e passará por exames regulares para avaliar a duração da presença de anticorpos.

“Este é mais um exemplo da eficácia da vacina, que conseguiu transferir a memória imunológica de longo prazo (IgG) da mãe para o bebê”, afirma o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas.

Mesmo após a imunização, Patrícia Marques ressalta a necessidade de continuar mantendo os cuidados. “Teremos que manter o acompanhamento e a proteção, ainda sem deixar o uso de máscara, o distanciamento, pois é o que vai manter o controle dessa pandemia”, pontua.