Opinião
Ataques nas escolas: um problema que não é caso apenas de polícia
Os crimes estão sendo incentivados e organizados pelas redes sociais.
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Anderson SantosA sociedade brasileira tem acompanhado de forma estarrecida o aumento assustador dos casos de ataques a crianças, jovens e professores na escolas brasileiras. As reações até agora têm sido de muita preocupação e pânico, pois alguns casos a segurança pública ainda não sabe bem como tratar, resolver ou se antecipar ao problema.
Mas se engana quem acredita que isso tem se manifestado do nada e sem uma causa aparente. Aquilo que presenciávamos apenas pela TV hoje acontece em nossas vizinhanças, e tem acontecido nas escolas dos filhos de nossa pátria. O que se tem detectado por alguns especialistas é que o aumento desses ataques é parte da violência derivada da xenofobia, racismo, homofobia e misoginia, efeito do crescimento de um pensamento que adere ao extremismo e que desagua nos crimes de ódio.
Os crimes estão sendo incentivados e organizados pelas redes sociais. O que antes era apenas manifestação do grito de sofrimento por bullying na escola tem se inclinado para a canalização do ódio gerado pela perda de propósito da vida e da desintegração dos valores éticos e morais de nossa sociedade.
Governadores, prefeitos, pais e mestres estão buscando soluções que usam a inteligência policial e a segurança nas escolas, que, a meu ver, podem se mostrar paliativas diante do complexo problema. É necessário aumentar o monitoramento do discurso de ódio na internet e das páginas que promovem e incitam mais casos de violência, mas só isso não bastará.
Está na hora de enfrentarmos o debate da falta de inteligência emocional e espiritual do ser humano, está na hora de investirmos tanto em autoconhecimento como em autodesenvolvimento. O tema da inteligência emocional ganhou destaque no mundo a partir da década de 90, com o psicólogo Daniel Goleman, quando apresentou essa tese como ferramenta para o bom desempenho profissional. Hoje, no entanto, esse conhecimento deve ser trazido para todas as áreas da vida.
Para Goleman, a inteligência emocional se refere à capacidade que temos de identificar os nossos próprios sentimentos e os sentimentos dos outros, de gerir bem nossas emoções. Ele diz que esse tipo de inteligência é um conjunto de autocontrole, zelo e automotivação. Essas aptidões podem e devem ser ensinadas aos nossos alunos, para que tenham melhor desempenho em suas vidas, influenciando nas tomadas de decisões do cotidiano.
A inteligência emocional, contudo, hoje está acompanhada de mais uma inteligência, a inteligência espiritual, que tem como uma de suas principais expoentes a física e filósofa americana Donah Zohar. Para ela, muitas pessoas possuem de tudo, são bem-sucedidas, possuem família, casas gigantescas, uma boa conta bancária, saúde, e ainda assim não são felizes, porque falta uma inteligência maior, uma inteligência divina, que é entender sua missão como ser único neste universo. Com a inteligência espiritual, passamos a perceber que precisamos ver o outro bem, e que o meu bem-estar está ligado a tudo isso. Eu só posso estar bem e feliz se o outro também estiver bem e feliz.
Em uma sociedade que valoriza o “ter” em detrimento do “ser”, que é cada vez mais individualista e culpa o outro pelos seus problemas emocionais, aprendermos a identificar, gerenciar e expressar nossas emoções com inteligência, identificar o propósito da vida, razão de nossa existência, encontrarmos a harmonia de nossa natureza interior com a natureza divina pode ser o caminho que precisamos para uma sociedade equilibrada, justa e harmônica.
Que neste momento nossos gestores, pais e mestres possam dar atenção a nossa capacidade de resolver o problema de verdade, sem mascará-lo buscando respostas que solucionem as causas, e não apenas busquem tratar o sintoma. Que a educação esteja de mãos dadas não apenas com o autodesenvolvimento, mas com o autoconhecimento, e enfim com a consciência.
Anderson Santos é presidente da Fundação Educação para Consciência – FEC
*Este espaço é plural e tem o objetivo de garantir a difusão de ideias e pensamentos. Os artigos publicados neste ambiente buscam fomentar a liberdade de expressão e livre manifestação do autor(a), no entanto, não necessariamente representam a opinião do Destaque1.
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