Cultura e Entretenimento
Artistas de Camaçari relatam preocupação e dificuldades com a suspensão do São João devido à pandemia
Com o cancelamento do Camaforró 2021, a cidade deixará de arrecadar R$ 60 milhões.
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Sonilton SantosOs festejos juninos em Camaçari precisaram ser cancelados pelo segundo ano seguido devido ao aumento no número de casos do Covid-19. Artistas da cidade que tinham essa época como um meio de apresentar seu trabalho e ter um dinheiro extra veem a situação ficar cada vez mais difícil.
Neste período de pandemia, a internet tem sido uma alternativa para muitos desses profissionais. Sem os shows presenciais, as lives se tornaram sua maior vitrine. O forrozeiro Edy Xote, por exemplo, têm recorrido ao ambiente online para se manter diante da atual crise.
“Para sobreviver em meio a essa crise, essa pandemia, tenho apostado, como tantos outros, em lives, que é o que mais tá acontecendo nesse momento. Tanto em lives em casa, com pequenas estruturas, como também lives bem estruturadas, para conseguir recursos, para a sobrevivência e para manter o projeto em dia. Vivendo também através do apoio, principalmente de patrocinadores, de apoiadores, de fãs também. Tenho sido ajudado por muitos amigos e fãs, empresários da cidade e de fora que têm sempre apoiado o projeto Edy Xote durante esses 12 anos de carreira. Então, a presença dos amigos e dos fãs, dos empresários de Camaçari, Sergipe, Alagoas, Chapada Diamantina, interior da Bahia, tem sido muito importante para a sobrevivência do Edy Xote nesse período de pandemia”, comenta.
Para o sócio e produtor d’O Bando Januário, Caio Brandão, o cenário não é muito diferente. De alguma forma, todos acabam sendo atingidos. “É claro que os eventos fazem muita falta, pois somam uma boa renda extra. Mas temos músicos que vivem apenas da música, e esses que estão sofrendo ainda mais, com certeza”.
A última edição do Camaforró aconteceu em 2019, ano em que a prefeitura afirma ter investido R$ 8 milhões no São João da cidade, “considerando todos os festejos juninos do mês que se inicia com as festas em homenagem a Santo Antônio”. Naquele ano, de acordo com o governo municipal, a festa reuniu cerca de 60 mil pessoas por dia no Espaço Camaçari 2000.
Segundo a Prefeitura de Camaçari, com a suspensão do São João em 2021, a cidade deixará de arrecadar R$ 60 milhões, considerando a rede hoteleira, turismo, ambulantes, barraqueiros, logísticas de transportes, entre outros. A gestão confirma que mais de 150 artistas, incluindo grupos de pé de serra e bandas, serão afetados pelo cancelamento dos festejos juninos.
“Mais de 100 shows são realizados só na Costa. 90% [atrações] local e 10% [artistas de] notoriedade regional. Fazemos eventos em todas as praias, Cajazeiras de Abrantes, Mutirão de Catu de Abrantes, Monte Gordo, Barra de Pojuca e Abrantes”, conta Luiz Mário, coordenador de Eventos de Camaçari.
Em 2019, o Camaforró teve três dias de festas, de 21 a 23 de junho, e contou com 16 atrações, que passaram pela Arena Principal no Espaço Camaçari 2000. No palco principal, passaram artistas como Magníficos, Lambasaia, Simone e Simaria, Marcos e Belutti, Calcinha Preta, Amado Batista, junto com artistas locais, a exemplo de Bimbinho, Lívia Andrade, Léo Ferreira, Pé de Lata e Adriano Reis.
Além de Camaçari, outros municípios também cancelaram o São João na Bahia. Entre eles estão Amargosa, Cachoeira, Euclides da Cunha, Ibiquera, Ipiaú, Irecê, Itaberaba, Jaguarani, Mata de São João, Piritiba, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim.
Sem a festa presencial, Santo Antônio de Jesus é o único município até o momento que confirmou lives com bandas locais durante o período junino, concurso de música e a ornamentação nas principais ruas e avenidas, além de um arraiá itinerante.
Em Camaçari, a prefeitura afirma que, devido ao estado de calamidade pública declarado no município e da taxa de ocupação dos leitos de UTI, que até o fechamento desta matéria está em 90%, não há previsão para realização de qualquer evento virtual em substituição ao Camaforró.
A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) renovou o decreto que instituiu o reconhecimento do estado de calamidade pública em Camaçari decorrente da pandemia do novo coronavírus, expirado em 31 de dezembro de 2020. A decisão tem duração até o dia 30 de junho.
Auxílio cultural
Sem shows e eventos, profissionais do setor da cultura viram a renda diminuir ao longo da pandemia. Em Camaçari, o projeto de lei que determina a criação do Auxílio Cultura Todo Dia foi aprovado hoje (25) na Câmara de Vereadores.
A prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), vai pagar o benefício assistencial em dinheiro, no valor total de R$ 900. O município fica autorizado a pagar, com recursos próprios, três parcelas fixas, iguais e consecutivas de R$ 300.
“Com certeza, será muito bem recebido. Como já citei, muitos artistas vivem apenas da arte, e, com o setor fechado, todos sofrem. Esse auxílio não resolverá o problema definitivo, mas certamente ajudará de alguma forma a quem está há mais de um ano parado”, comenta Brandão.
Apesar da aprovação do PL nº 1028/2021, há quem defenda a necessidade de um maior diálogo entre o poder público e a classe artística. “A gestão pública precisa criar um mecanismo, um elo de estreitamento entre Secretaria de Cultura, chefe do Legislativo, coordenadores de eventos. Ela precisa criar um mecanismo de estreitamento com os artistas, fazedores de cultura e ativistas culturais do município. Ainda não é visível essa aproximação, esse estreitamento”, comenta Edy Xote.
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