Cultura e Entretenimento
Arte é política e você precisa entender isso
Publicado
em
Por
Faustino Menezes
Estamos vivendo uma disputa presidencial atípica, diferente de todas as outras que já vivenciamos em nossa curta “democracia”. E um dos pontos mais polêmicos desta campanha, acreditem se quiserem, não são os absurdos defendidos pelo candidato Jair Messias Bolsonaro.
Artistas e demais agentes culturais se posicionando a favor da democracia estão levantando a ira de intolerantes e, por quê não, simpatizantes de fascista. O principal argumento tem sido de que artista não devia se posicionar.
Mas aí que você se engana, queridinho. O papel da arte é QUESTIONAR! É, também, se posicionar. Seja qual for o tema, assunto, etc. O hip-hop, por exemplo, nasceu disso. Além de tantos outros estilos artísticos, musicais ou não.
A cultura esteve na linha de frente na trincheira contra a ditadura de 64. Versos de Caetano, Gil (esses dois, inclusive, exilados por conta de seus posicionamentos políticos), Gal, Macalé, Tom Zé, Duprat e tantos outros da Tropicalia viraram verdadeiros hinos contra o regime militar, bem como Chico e Raul Seixas também.
Antes mesmo disso, nos Estados Unidos, a contracultura – mais conhecido como o movimento hippie – foi um importante defensor do amor em tempos violentos de guerra contra o Vietnã.
Não, não era um movimento pró-maconha, era um movimento pró-amor, anti-guerra, anti-opressão. Dylan, The Doors, Hendrix, Janis Joplin e tantos outros, empunharam a bandeira do paz e amor naquela época, todos a sua maneira.
Na Inglaterra, o punk rock aparece como um combatente ao regime monarca da Rainha Elizabeth II. Não à toa o Sex Pistols gritou bem alto “God save the queen / the fascist regime”. Na mesma Inglaterra, o Roger Waters e seu Pink Floyd escreveram inúmeras canções anti-fascistas e anti-guerras. Engana-se quem acha que foi da boca pra fora. Roger perdeu seu pai e seu avô nas duas Grandes Guerras. Seu pai, perdeu para o nazismo de Hitler, inclusive.
Aqui em Camaçari, artistas de diversos seguimentos estão ocupando praças, colégios e centros em prol de um bem geral: a defesa da democracia.
Conscientizar seu público e seu potencial público não é “5 minutinhos de fama”, é resistir, é sobreviver. Não dá para defender quem quer acabar com a cultura. Orgulho define o que esses artistas vem fazendo por aqui. Vocês me representam, irmãs e irmãos!
Tudo isso para te situar que arte, cultura, música, literatura, estão intrinsecamente ligados a política o tempo todo. Um não vive sem o outro.
Rebolar a bunda é massa, sair do chão é divertido, mandar lovesong pra o contatinho também é importante, viver a sofrência pós-relacionamento é necessário. Mas, protestar, defender um posicionamento, um ponto de vista, principalmente contra um mal gigantesco que ameaça vidas, é VIVER. É se fazer vivo, se fazer presente, se fazer gente.
Neste domingo, 28, vamos decidir o futuro do nosso país. Democracia x autoritarismo. Para pra prestar atenção um pouco nessas questões e escolha o lado certo da história. Se ainda lhe resta dúvidas de qual é o lado certo, pegue já um livro de história ou espere 50, 60 anos para ler o que está por vir. Espero bastante que a segunda opção não se faça necessário.
Por nós, para nós, por favor, ele não!
Faustino Menezes, músico, produtor e ativista cultural. Escreve as quintas a cada duas semanas.
jornalismo@destaque1.com
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Tecla Moura
26 de outubro de 2018 at 08:54
Com certeza, estão mesmo numa eleição diferentes de todas que já vi, um candidato que não tem proposta e só ódio, mas o bem vai vencer o mal, e artistas tem que se envolver sim em política!