Saúde
Alvo de denúncias, Maternidade de Camaçari não informa quantos partos foram realizados desde inauguração
A unidade também não indicou quando foi feito o primeiro parto.
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Camila São JoséHá 24 dias em funcionamento, a Maternidade de Camaçari tem sido alvo de denúncias relacionadas ao atendimento. A unidade tem ofertado consultas, exames e ultrassonografias, mas os partos normais e cirúrgicos são mencionados como pontos críticos.
A Maternidade foi inaugurada no dia 30 de setembro e abriu as portas no dia 3 de outubro. Desde então, gestantes de Camaçari têm relatado a dificuldade para conseguir atendimento, especialmente em relação ao parto.
Grávida de sete meses do terceiro filho, uma moradora do Bairro Novo afirmou à reportagem estar buscando auxílio da unidade desde o período da inauguração. “Desde o início que foi inaugurada essa maternidade, eu estou sempre indo pra ter informações de quando de fato estará funcionando, mas sempre que vou a resposta é sempre a mesma: ainda não está funcionando e nem tem previsão”.
A gestante enfrenta uma gravidez de risco, e durante a gestação tem lidado com a colestase gestacional, uma espécie de cirrose biliar, “fígado gorduroso”, que causa coceira e desconforto. “Não é muito conhecido, pois é uma doença um pouco rara, atinge uma parte muito pequena de mulheres gestantes. Descobri no início da gestação, quando estava com aproximadamente três meses, tive logo o diagnóstico por um hepatologista. Nesses casos o parto tem que ser antecipado, porque o problema pode chegar até o bebê e levar a ter um sofrimento fetal”, explica.
Na segunda-feira (24), após publicação de reportagem do Destaque1 (lembre aqui), a gestante confirmou ter retornado à Maternidade de Camaçari. “Inclusive ontem [segunda-feira] estive lá, logo após essas notícias de que já teve atendimento, e a resposta não foi diferente: que não há atendimento e que não tem previsão”, diz.
Ela é acompanhada pelo Centro de Atenção à Saúde da Mulher, na Gleba B, e assegura que “nunca fui atendida lá, nunca tive acesso à Maternidade”. Segundo a paciente, ela deverá ser encaminhada para alguma unidade de referência em Salvador.
Em outro relato obtido pelo Destaque1, um homem contou ter procurado a Maternidade há cerca de três semanas para atendimento à esposa, que está grávida de nove meses, e recebeu a informação de que inicialmente estaria funcionando apenas o setor administrativo. “Não tinha previsão de quando ia funcionar o parto normal, falaram lá em 60 dias”, relatou.
Depois da reportagem do Destaque1 veiculada na última segunda-feira, ele e a esposa retornaram à unidade, e hoje (26) conseguiram dar entrada para fazer o parto (saiba mais).
Atendimento e parto
Nesta quarta-feira, o Destaque1 retornou à Maternidade de Camaçari e conversou com a diretora-geral, Aline Costa, que sinalizou que há quase um mês a unidade está funcionando de forma gradativa.
“Nós estamos em funcionamento desde o dia da inauguração, a gente está em um funcionamento gradativo. Foram atendidas nas primeiras duas semanas mais de 80 mulheres, foram realizados mais de 30 exames de ultrassonografia, foram realizadas inserção de DIU, preventivo para as mulheres, e as questões de parto e nascimento, a gente foi recebendo gradativamente. Hoje a gente já tem partos realizados, tanto normais quanto cirúrgicos, a gente está com a porta aberta. A gente tem consultas de pré-natal de risco habitual e de alto risco sendo ofertadas e realizadas todos os dias”, comentou.
Questionada sobre quando foi realizado o primeiro parto e quantos procedimentos do tipo foram feitos até o momento, a diretora-geral afirmou apenas não ter os dados disponíveis no momento da entrevista.
Nesta quarta, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) também divulgou informações sobre a Maternidade de Camaçari e garantiu que até o momento foram realizados 278 atendimentos, entre consultas médicas, exames de ultrassonografia, colocação de DIU, consultas de pré-natal e outros procedimentos. No entanto, a Sesab também não confirmou quantos partos foram feitos até então, nem quando ocorreu o primeiro procedimento.
O Destaque1 ainda entrou em contato com a assessoria de comunicação da Fundação Estatal da Família (Fesf), responsável pela administração da Maternidade, para obter os dados referentes aos partos normais e cirúrgicos, e o número de gestantes acompanhadas pela unidade, mas até o fechamento desta matéria as informações não foram repassadas.
A diretora-geral da Maternidade também destacou que, nas primeiras semanas, algumas gestantes de alto risco precisaram ser encaminhadas para outras unidades. “Porque a gente não estava com o serviço de alto risco ainda em funcionamento”, pontuou. “Mas essas mulheres que precisaram, elas foram atendidas aqui. As que estou te falando foram as que chegaram até aqui, foram atendidas, classificadas risco, passou pelo médico e a gente encaminhou com segurança ou para o Hospital Geral de Camaçari ou, caso a criança necessitasse de UTI neonatal, para outro serviço da rede de Salvador”, complementou.
“É um atendimento via regulação e por demanda espontânea. Então, ele não é feito só pela regulação, a gente está recebendo todas as mulheres que procuram espontaneamente a unidade”, apontou.
Quanto à capacidade de atendimento, a Maternidade hoje opera com 80% da sua capacidade. São 80 leitos de internação nas especialidades de obstetrícia clínica e cirúrgica com gestão de alto risco, além de 10 leitos de UTI Neonatal (UTIN), 10 leitos de UCI Neonatal (UCINCO), cinco leitos de UCI Neonatal Canguru (UCINCA) e cinco leitos de PPP (pré-parto, parto e pós-parto).
Equipe
Na semana passada, quando o Destaque1 esteve pela primeira vez na Maternidade após a inauguração, diversos profissionais aguardavam do lado de fora da unidade para participar de processo seletivo.
Aline Costa explica que 90% da equipe está contratada, com médicos em plantão 24 horas, e as contratações estão em andamento. De acordo com a diretora-geral, atualmente dois médicos pediatras, dois anestesistas e dois obstetras atuam por plantão durante o dia, e à noite o plantão conta com um anestesista, mais dois médicos obstetras e dois pediatras.
“Hoje já estamos com a equipe 90% contratada, e então, desde que a gente inaugurou, nós viemos contratando as equipes. Então, por isso que na semana passada ainda estava tendo processo seletivo, porque a gente não tem tantos profissionais especializados disponíveis assim, de cara. Então, a gente tem contratado pessoas que são primeiro emprego, tem pessoas com experiência na atenção mais básica e tem pessoas com experiência na atenção mais especializada, porque a gente tem serviços aqui que eu preciso de profissionais com experiência e com formação específica, como unidade neonatal, gestante de alto risco, são profissionais que precisam de conhecimento e experiência prévia para uma melhor atenção”.
Partos de risco
A unidade realiza partos de alto risco, e quando esse risco é ligado diretamente à gestante, a depender do caso, ela poderá fazer o parto na Maternidade ou ser encaminhada para uma unidade de referência, já que o hospital não dispõe de UTI adulto gestacional.
“Hoje a gente tem pactuado com fluxo imediato para a UTI adulto do HGC, e se necessário especificamente UTI materna, a gente encaminha para a José Maria de Magalhães, que é a grande referência em alto risco materno”, informou a diretora.
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