Saúde
‘Agosto Branco’: oncologista alerta sobre sintomas, rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de pulmão
Clarissa Mathias salienta sobre os cigarros eletrônicos ou vapes, que aumentam o risco de migrar para o cigarro convencional.
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RedaçãoDentre distintas campanhas que circundam o mês de agosto, uma delas diz respeito à luta contra o câncer de pulmão, doença que, conforme especialistas, tem o tabagismo como principal fator de risco. Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve registrar ao longo do ano mais de 32 mil novos casos desse tipo de neoplasia. Desse quantitativo, no Nordeste, são estimados mais de 6.500 diagnósticos.
Um dos desafios para combater a enfermidade, considerada globalmente a mais letal, está na conscientização da população a respeito do diagnóstico precoce. Outra questão é o crescimento do consumo dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), que, embora sejam proibidos no país, tem ganhado muita ascensão entre os mais jovens. Popularmente conhecidos como cigarro eletrônico ou vapes, esses dispositivos aumentam em mais de quatro vezes o risco de migrar para o cigarro convencional.
A oncologista e líder do Cancer Center HSI Oncoclínicas, Clarissa Mathias, reforça que “muitas pessoas começam com o cigarro eletrônico e depois migram para o convencional, que é muito mais barato e acessível, já que o vape é proibido no país. Em alguns casos, a pessoa passa até mesmo a usar os dois”, alerta.
Quando se trata de controle do tabagismo, o Brasil é referência mundial. O país conseguiu, através de políticas públicas, reduzir em 35% o consumo de cigarro, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS). Atualmente, a prevalência de fumantes equivale a menos de 10% da população. No entanto, o consumo do cigarro eletrônico representa uma ameaça às conquistas da luta antitabaco.
“Não fumar é a melhor forma de prevenção do câncer de pulmão. O cigarro representa um risco potencial para vários tipos de neoplasias, e nem o fumante passivo está livre desse risco. A cessação do vício representa um ganho enorme para a saúde. Além disso, a população precisa ter acesso ao diagnóstico precoce e aos tratamentos mais eficazes,” avalia.
Sintomas e rastreamento
Sintomas como tosse seca e persistente, rouquidão e dificuldade para respirar ou sensação de falta de ar são, muitas vezes, confundidos com problemas respiratórios e não são investigados e tratados adequadamente, o que faz com que o diagnóstico tardio do câncer de pulmão seja uma realidade em grande parte dos casos.
Clarissa Mathias destaca que a detecção precoce permite um tratamento menos invasivo e com mais chance de cura, além de uma sobrevida maior para o paciente. “Um fumante que apresenta uma tosse persistente não necessariamente tem um câncer de pulmão, mas esse sintoma precisa ser investigado”, orienta a oncologista.
Sobre o rastreamento da doença, a médica explica que ele é realizado “através de exames de imagem e biópsia, é indicado para pessoas com alto risco da neoplasia, fumantes e ex-fumantes com mais de 50 anos, mesmo assintomáticos. O objetivo é justamente garantir o diagnóstico antes de qualquer manifestação da doença, ou seja, em fase bem inicial, quando a chance de sucesso do tratamento é alta”, pontua Mathias.
Tratamento
O tratamento dos tumores de pulmão conta com um arsenal de terapias avançadas e se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia) e radioterapia. “Com as técnicas minimamente invasivas, já é possível a remoção do tumor com cada vez menos tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades”, detalha a líder do Cancer Center.
A especialista ainda enfatiza que, muitas vezes, a quimioterapia é indicada após a cirurgia para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Em determinados casos, a terapia-alvo também se torna uma alternativa após o procedimento cirúrgico. Esse tratamento, que representa um grande avanço na oncologia, utiliza drogas para atacar especificamente as células cancerígenas, preservando as saudáveis.
A combinação de terapia sistêmica e radioterapia pode ser administrada no início do procedimento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo, quando a remoção cirúrgica está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada, algumas vezes, para diminuir sintomas, como falta de ar e dor.
Um dos grandes avanços da ciência na luta contra o câncer é a imunoterapia, que tem revolucionado o tratamento dos tumores de pulmão e proporcionado mais qualidade de vida e maior sobrevida aos pacientes. “É uma terapia que ativa o sistema imunológico através de uma combinação de medicamentos biológicos para lutar contra o tumor”, finaliza a especialista.
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