A luta antirracista é coletiva, e a Escola Afro-brasileira Maria Felipa tem buscado desde o primeiro ano da sua existência, em 2019, oportunizar um ensino emancipador para crianças negras e/ou indígenas em situação de vulnerabilidade social. Nesse sentido, a escola realiza a ação de responsabilidade social “Adote um Educande”, projeto permanente que busca mobilizar todo e qualquer cidadão para doação de valores para a manutenção de bolsas estudantis.
Atualmente, cerca de 30 crianças pretas e indígenas são atendidas pelos editais de bolsas estudantis e pelo “Adote um Educande”. Para o ano letivo de 2025, a escola selecionou mais seis crianças. As contribuições não só custeiam a mensalidade, mas permitem a manutenção dessas crianças na instituição, ao possibilitarem kits pedagógicos, materiais didáticos, atividades oferecidas extra classe gratuita, passeios e acolhimento psicológico.
As contribuições podem ser feitas mensalmente, através do site da campanha, a partir de R$ 5, por meio de cartão de crédito ou débito, pix e transferências bancárias.
Através do “Adote Um Educande”, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa pretende ser instrumento transformador na memória das crianças atendidas, ao oferecer uma educação afrorreferenciada, trilíngue (português, libras e inglês) e com um corpo docente diverso. Uma ação que busca atingir a família como um todo, acolhendo-as e transformando-as na trajetória das crianças contempladas, ao trabalhar a identidade em comunidade.
“Somos uma instituição privada, e nossa mensalidade acaba atingindo grupos sociais privilegiados. Para alcançarmos crianças pretas e indígenas, moradoras de bairros periféricos e desassistidas de políticas públicas de Educação do Estado, desenvolve-se o ‘Adote um Educande’. Mas, para que isso tenha uma amplitude maior, precisamos que a sociedade se mobilize junto conosco”, pontua Maju Passos, ao acrescentar que o “Adote um Educande” é um projeto que tem por finalidade a equidade social.
A escola
Localizada em Salvador, na Rua Comendador José Alves Ferreira, no bairro do Garcia, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa foi criada em 2017 por Bárbara Carine, mulher preta cis, escritora afrodiaspórica, militante e doutora em Ensino, Filosofia e História das Ciências, no processo de adoção de sua filha Iana, uma criança negra. Ela uscava uma metodologia de ensino antirracista, afroafetiva e que valoriza as culturas africanas e indígenas. Ao não encontrar, criou a Maria Felipa.
Atualmente, a instituição em Salvador tem a empresária Maju Passos como sócia, e, em 2025, terá uma nova unidade na cidade do Rio de Janeiro, em que se soma ao quadro de sócias a atriz Leandra Leal. A escola é um projeto que transforma sonho em realidade e constrói uma nova página na história do país ao oferecer às crianças um espaço escolar que resgata os conhecimentos ancestrais, combatendo o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada.
Ao se comprometer com a valorização da herança africana e indígena na sociedade brasileira, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa se enquadra nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino das histórias e culturas afro-indígenas. “Diretamente, estamos nos comprometendo a combater um problema social, que é o racismo. A Maria Felipa é uma escola para todes, crianças pretas, indígenas, brancas, entre outras. Abraçamos a diversidade dos corpos”, descreve Passos.
“É importante pontuar que os corpos pretos e famílias negras têm a humanidade destituída ao vivenciar uma educação eurocêntrica nos espaços escolares. Por isso, oferecemos uma educação emancipadora. Queremos que todas as crianças que estudam aqui cresçam afirmando a coroa que carregam em suas cabeças”, destaca Bárbara Carine.
Servidores
Através da Secretaria Municipal de Gestão (Semge), a Maria Felipa também está disponibilizando bolsas de estudos para os filhos e outros dependentes de servidores/empregados públicos, no valor de 15%. A parceria, que ocorre através do Programa de Bolsas Estudantis (PBE), da Prefeitura de Salvador, possibilitará aos pais descontos em todas as mensalidades. Para esse processo, os servidores podem consultar o edital de matrículas, a ser disponibilizado pela Semge.
A Escola Afro-brasileira Maria Felipa já está com as matrículas abertas para o ano letivo de 2025, para todas as turmas de ensino infantil e fundamental. Cada turma é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles Império Inca (G2 – 2 anos), Reino Daomé (G3 – 3 anos ), Império Maia (G4 – 4 anos), Império Ashanti (G5 – 5 anos) e Reino de Mali (primeiro ano fundamental), entre outras.
Dentro da sua metodologia, a escola desenvolve uma série de outras atividades didático-pedagógicas afrorreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, e alguns outros.