Existe uma premissa basilar na política: “boa gestão elege sucessor”! Tomemos como meros exemplos Lula x Dilma e ACM Neto x Bruno Reis, nos quais os sucessores não tinham expressividade política e muito menos eram agraciados pelo povo, mas, ainda assim, com a bênção de uma gestão avaliada positivamente pelo povo, venceram a eleição.
Trazendo a premissa para os dias atuais, as consultas populares acerca da eleição para prefeito de Camaçari apontam para a rejeição da atual gestão, refletindo a repulsa a determinado candidato.
Contudo, a rejeição ao postulante anil possui dois fatores inegáveis e determinantes: primeiro, por estar enfrentando um adversário consolidado, detentor de histórico político invejável, ante a grandeza colossal do oponente, somado ao clamor social pela mudança, o impacto negativo é natural. Segundo, a desastrosa gestão do prefeito Antônio Elinaldo é um indesejado baluarte, melhor, uma tatuagem no aspirante anil, pois, como nos últimos sete anos foi conivente com os sistemáticos erros de governo de Elinaldo, tal fato não passa despercebido pelo povo, que não esquece o sofrimento suportado até a presente data.
Desse modo, a fracassada gestão de Elinaldo é tão notória, mas tão notória, que resvala com força hercúlea na corrida eleitoral, eis que certo candidato herda, como um bom filho de braços e mãos abertas, a péssima avaliação do desgoverno local. Consequentemente, o povo aponta para a “mão aberta” como aquela que, outrora, ao invés de afagar e cuidar, também maltratou, sem qualquer piedade.
Nesta altura da corrida eleitoral, imagino o determinado candidato segurando um santinho e cantando com o coração anil a célebre música “Foi Assim”, de Chico Buarque:
“Foi assim
Eu tinha alguém
Que comigo morava
Mas tinha um defeito que brigava
Embora com razão
Ou sem razão
(…) Que me tratava carinhosamente
Dizendo resolver minha questão
Mas não
Foi assim…”
Cleiton Souza é advogado, professor universitário, especialista em Direito Público, Direito Penal e Processo Penal.
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