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Mês Internacional do Teatro: atores veem no teatro popular um instrumento para debater tabus sociais
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Beatriz SantosIntegrantes da Companhia Eros de Teatro, os atores Tainara Tecia, de 23 anos, e Micael Souza, 22, têm dezenas de histórias e experiências a serem compartilhadas. Voltados para o teatro popular, ambos trabalham juntos com o intuito de transmitir reflexões, abordar denúncias e quebrar tabus sociais.
Micael trabalha profissionalmente há seis anos. Durante esse tempo ele já atuou, escreveu e dirigiu espetáculos que marcaram os palcos dos teatros camaçarienses. Segredo Cigano, Os Lacrados, Dona Felicidade, Alto da Nossa Senhora da Luza, Prosódia Popular Nordestina Brasileira, 7 Eros, Solidão, O Grande Escritor e Eu Amor são as peças que têm a atuação e o dedo do artista nos bastidores.
Já Tainara Tecia atua desde 2012 e esteve presente em praticamente todas as montagens produzidas pela Companhia Eros, além das já citadas tem também o espetáculo Sociedade Alternativa.
Os atores ainda não retornaram para os palcos esse ano. Tecia explica que às vezes essa pausa é necessária. “A gente acaba se ocupando muito com questões da universidade e outras coisas pessoais, mas no fundo é bom porque o ator precisa sempre se renovar, precisa de um tempo para se reciclar. Então quando voltarmos estaremos com novas percepções, novas ideias e outras visões das coisas que acontecem à nossa volta”.
A equipe busca mostrar como é difícil falar de questões que ainda são consideradas tabus sociais. Em Os Lacrados (2013), por exemplo, o enredo traz questões de gênero sexual, bullying e virgindade; tudo revelando as dificuldades que os personagens tinham em falar sobre tais assuntos com amigos e no meio familiar.
Depois de realizar apresentações em diversas cidades da Região Metropolitana e passar a ver a arte com um olhar mais amplo, os atores acreditam que o cenário artístico em Camaçari está em processo de decadência, algo que para eles tem sido reforçado com a extinção do Ministério da Cultura e a consequente falta de investimento.
É necessário mais dignidade para os atores dentro dos teatro. É necessário iluminação decente, auxílio na produção, atendimento e alguém que entenda a proposta dos artistas, pontua Tecia.
Micael ressalta que a cultura também é expressão política e espaço para ampliar vozes e questões ligadas às minorias, é lugar de reflexão.
Ainda seguindo essa linhagem crítica, os artistas pretendem voltar às cenas teatrais no meado desse ano com o espetáculo Casa de Areia. O projeto ainda está sendo estudado, mas adiantam que o roteiro trata da masculinidade tóxica, relacionamento abusivo e o egocentrismo do homem.
A produção vem agregar ao portfólio da Companhia Eros que completa em 2019 sete anos de estrada e pretende ocupar ainda mais os teatros e espaços públicos da cidade.
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