Fotógrafos de Camaçari unem arte e profissionalismo em um clique

Registrar momentos, contar histórias, capturar a beleza e emoção a partir de um olhar em diversos cliques são alguns dos elementos que o registro fotográfico proporciona. E, se pararmos para pensar foto significa luz e grafia, escrita, de origem grega, o nome fotografia nada mais é que “desenhar com a luz e contraste”.

Considerada como a oitava arte em meio as outras manifestações artísticas, a fotografia contempla o registro de pessoas, no qual esses momentos em alguns instantes podem se tornar apenas memórias congeladas no tempo. Fotografar lugares, objetos e principalmente retratar a beleza de uma cidade e as mazelas sociais de uma comunidade a partir de um olhar são alguns dos  elementos que podem compor o trabalho de um fotógrafo, seja ele profissional ou amador.

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O fotojornalismo, por exemplo, é responsável por registrar fatos históricos, encontros políticos, esportivos, elementos culturais, desastres naturais, retratos do cotidiano da sociedade, além de servir como pesquisa documental para que as próximas gerações possam conhecer esse recorte temporal e geográfico.

Foto: Arquivo Pessoal

Fotógrafa há sete anos, Robervânia Chagas, 31 anos, sempre gostou de fotos, mas foi organizando seu casamento que passou a enxergar a área da fotografia como profissão. Ao pesquisar fotógrafos para a cerimônia ela percebeu que sentia mais vontade de fotografar do que de ser fotografada e passou a se aprimorar na área, estudando técnicas e equipamentos.

Atualmente, Robervânia registra momentos espontâneos e relacionados à família, como gestantes, casais, bebês e casamentos, prezando sempre pela naturalidade e emoção da fotografia.

Criado em 2018, o instagram Dicas da Fotógrafa (@dicasdafotografa) tem publicações sobre diversos assuntos relacionados à fotografia. Robervânia compartilha dicas e bastidores do seu trabalho, com o intuito de ajudar outros fotógrafos e clientes.

Ao falar do espaço da mulher na fotografia, a artista relata que as pessoas não veem a mulher como profissional qualificada e acabam fortalecendo o esteriótipo de profissionalismo apenas masculino. A mesma já presenciou ocasiões em que ao ser auxiliada pelo marido na execução das fotos, foi tratada como assistente e ele como fotógrafo principal e assim, percebeu que a área da fotografia ainda é um ambiente machista. “As mulheres hoje estão destemidas, elas estão buscando espaço, não são os outros que estão dando esse espaço”, afirma.

Ensaio de casal. Foto: Robervânia Chagas

Allson Pergentino Nelo. Foto: Arquivo Pessoal

Fotógrafo há quatro anos, Allson Pergentino Nelo, 26 anos, resolveu apostar no segmento do nu artístico, diferenciando o seu trabalho dos demais registros tradicionais, como as fotografias de casamentos, aniversários, book’s, entre outros. O artista tem se destacado pela responsabilidade ao capturar as expressões, sutilezas com delicadeza do corpo humano.

Os registros de Pergentino são voltados para o público feminino. Ele explica que socialmente ainda existe muito preconceito a respeito da exposição e a erotização do corpo, principalmente da mulher. “Várias pessoas me procuram pedem orçamento e dizem que vão fazer. Quando dá um tempinho, volta e diz que ‘não’ por questão da sociedade e preconceito… Esses são os grandes vilões do meu trabalho. Eu fico de certa forma triste com isso”, afirma.

Mesmo em meio as adversidades, o artista vem se destacando nesse segmento no município e tem reafirmado a sua identidade com os cliques que faz. Em seu portfólio digital com mais de três mil seguidores no Instagram intitulado ‘Eu, Cisco no Olho’, ele agrega os seus principais trabalhos reunindo detalhes, cores vivas, além do equilíbrio entre o preto e branco.

Foto: Arquivo Pessoal

Já Bruna Macêdo, 25 anos, sonhava em trabalhar com fotografia desde a adolescência, mas por não ter condições de arcar com os equipamentos, não acreditava que pudesse realizar esse sonho. Após anos utilizando as câmeras da família para registrar lugares e momentos do cotidiano, em 2017, Bruna conseguiu comprar a sua primeira câmera e começou a trabalhar na área profissionalmente. “Consegui comprar a minha primeira câmera no ano de 2017 e comecei a fotografar, me apaixonei de vez e agora vivo disso”, relata.

A fotógrafa acredita que mesmo a mulher sendo minoria no ramo, é eminente que existe um crescimento na representatividade feminina na fotografia. “Fico feliz quando vejo uma mulher exercendo e sempre que posso dou forças para quem está inciando”, conta.

Seu estilo de fotografia é voltado para o cotidiano e tem como objetivo capturar movimentos e espontaneidade. Com fotos coloridas e iluminadas, Bruna procura se inspirar nas edições do fotógrafo Gilmar Silva, com tons vibrantes, jogos de luzes e paisagens criativas, para transmitir emoções através do seu trabalho.

Foto: Bruna Macêdo

Michel Dória. Foto: Arquivo Pessoal

O publicitário e fotógrafo, Michel Dória, 33 anos, segue também uma modalidade de fotografia diferente dos demais profissionais da cidade. O artista costuma fazer registros no segmento de fotografia publicitária com a promoção de eventos, restaurantes, pessoas, locais, objetos e demais elementos.

Dória se descobriu como fotógrafo ainda no ano de 2008, no período em que cursava Publicidade e Propaganda. “Comecei a ter interesse na época da faculdade. Me encantava ‘travar’ momentos das pessoas e deixar aquilo eterno. Virou uma espécie de vício fazer isso, mesmo que não fosse para as pessoas. Eu queria deixar eternizado momentos que vivi e comecei a fazer momentos de outras pessoas também”, lembra.

Ao capturar um momento transformando em uma imagem, a fotografia proporciona ao público uma análise e percepção de múltiplos olhares. “O que me cativa mesmo é registrar o inesperado. Adoro fotografar quem não sabe que estou ali. Podemos dizer ‘a realidade’. Odeio quando falam: ‘faça essa foto minha assim desse jeito’, posso até fazer, mas parece que perde o sentido e a essência”, fala.

Alguns dos trabalhos do publicitário. Foto: Michel Dória

Clube de Arte Fotográfica de Camaçari

Marilton Trabuco. Foto: Helen Karime

Pretendendo unir os fotógrafos amadores, profissionais e inciantes de Camaçari, Marilton Trabuco e Michel Dória, idealizaram o Clube de Arte Fotográfica de Camaçari. Presidente do Clube, Marilton, 51 anos, afirma que a iniciativa de montar o clube surgiu através de uma conversa com um grupo de amigos para organizar as atividades fotográficas da cidade.

Falando sobre a sua dedicação e afinidades com as lentes, Trabuco é um dos fotógrafos admirados pelos amantes dessa arte. Ele afirma que não se considera um fotógrafo profissional. “Eu sempre fui o cara que tirava a foto e não saia na foto”, comenta. Ainda de acordo com Marilton, quando lhe perguntam o que mais gosta de fotografar, “eu sempre digo que apenas gosto de fotografar. Mas tenho afinidade em registrar manifestações populares, natureza, pessoas anônimas, paisagens, nada muito específico”, conta.

Parceiro de alguns trabalhos de Trabuco, Michel Dória fala contente sobre a consolidação do clube. “A ideia surgiu de Marilton e queríamos organizar a fotografia na cidade e tivemos como parâmetros outros clubes já existentes. Reunir a galera que gosta de fotografia e poder fomentar o exercício na cidade. Tem muita gente de Camaçari que veio para o nosso núcleo por conta da visibilidade que conseguimos, além das diversas opções que criamos para fomentar a atividade”, ressaltou.

Dória ainda comenta que essa é uma possibilidade de construir algo novo e interessante.”Poder fazer mais gente fotografar, imagens de diversos olhares sobre nossa cidade e mostrar Camaçari de diversos ângulos e olhares diferenciados”, destacou.

Um dos projetos desenvolvidos pelo clube é o concurso fotográfico Universo Feminino – Singular e Plural. Com a temática “A Presença Feminina, suas singularidades e pluralidades”, a proposta chega este ano à 7ª edição. Os registros têm como pretensão estimular a reflexão sobre a mulher como protagonista na sociedade, ilustrar a importância desta condição e expressar ações neste sentido, inspirados no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU número 5 que tem a finalidade de alcançar à igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Foto: Robervânia Chagas

Crianças. Foto: Michel Dória

Farol e Fumaça, no Farol da Barra – 30 de outubro de 2010. Primeira colocada no “VI Salão Nacional de Arte Fotográfica” realizado em 2018, na categoria monocromática. Foto: Marilton Trabuco

Foto: Robervânia Chagas

Alegria. Foto: Michel Dória

Fitinhas do Bonfim. Foto: Marilton Trabuco

Cores. Foto: Bruna Macêdo