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Estudantes da Famec fazem manifestação e exigem justiça para caso Eva Luana
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Camila São JoséAo som de Somos Todas Eva, estudantes da Faculdade Metropolitana de Camaçari (Famec), amigos e simpatizantes à causa de Eva Luana realizaram ato nas ruas da cidade na tarde de hoje (22). O grupo saiu da porta da Famec, na Avenida Jorge Amado, e caminhou em direção à Praça Desembargador Montenegro, no Centro.
Eva Luana, 21 anos, cursa o 7º semestre de Direito na faculdade. A ideia surgiu de um coletivo de alunos do curso de Psicologia da instituição. Além de pedir justiça para o caso, o objetivo é alertar mulheres para a importância da denúncia e reivindicar políticas públicas de combate à violência sexual e doméstica.
“Esse movimento não é um movimento singular, ele é um movimento plural […] para que as mulheres denunciem, que elas não sintam medo, porque muitas, a gente sabe que são ameaçadas pelos seus agressores, e que elas saibam que tem uma rede [de apoio e proteção]”, comenta a universitária e uma das organizadoras do ato, Marizete Cristina.
Edvoneide Alves, a Dona Danda, 59 anos, estava entre os manifestantes e era colega de sala de Thiago Alves, padrasto de Eva Luana, desde 2016 no curso de Direito da Famec e conta que não fazia ideia do que acontecia. Dona Danda também é contadora de uma das empresas da família ligada ao ramo de serviços de manutenção e achava até então ser apenas do acusado, até descobrir que está no nome da garota. “Minha relação com Thiago era apenas de negócios […]. Eu jamais seria conivente com esse tipo de situação. Eu ainda não consegui assimilar”, afirma. A contadora garante que colocará à disposição da justiça todos os documentos da empresa e conversas com Thiago pelo WhatsApp.
Ela confirma que Eva Luana sempre pedia permissão para pegar carona ao sair da faculdade. “Ela sempre ligava para ele perguntando se podia ir com alguém”, lembra. E que por muitas vezes não saía com os amigos, mas mesmo diante do sofrimento se mostrava uma menina alegre e carinhosa. “Eva sempre me abraçava, me abraçava quando eu chegava no escritório. É como se ela visse em mim um porto seguro”, fala. “Nós estamos aqui querendo que Eva e todas as outras pessoas tentem recuperar um pouco do que perderam”, completa.
Elaine Nascimento, filha de Dona Danda, reforça o quão alegre, doce e meiga é a jovem, e acredita que a atitude de Eva Luana e o protesto realizado hoje serão capazes de abrir portas para que mulheres e demais pessoas vítimas de violência não se calem mais. “Porque muitas vezes o inimigo está do nosso lado e a gente não vê”, pontua.
Ao lado delas, colegas de sala de Eva Luana. Leilane Nascimento, amiga da vítima, espera que agora o Estado seja eficaz, já que Eva denunciou os abusos sofridos pela primeira vez quando tinha 13 anos e a denúncia não foi acolhida. “Denunciem sim, falem, gritem, porque nós estamos aqui para ajudar a cada uma. Então, estamos também aqui à disposição de quem nos procurar, para que a gente possa ajudar a cada uma dessas mulheres”, ressalta.
Nadine Warneaux, também colega de sala da vítima, diz que essa onda de apoio à Eva será capaz de fortalecer a luta de mulheres vítimas de violência. “Não se calem”, pede.
Os alunos agradeceram à Maria Cristina Carneiro, professora da instituição, que está advogando em favor da jovem.
Ainda, em abaixo assinado a ser enviado para o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), para a Defensoria Pública Estadual e Câmara Municipal de Camaçari, o grupo pede a realização de audiência pública para debater a implantação de políticas públicas para as mulheres em Camaçari; a criação de um Centro de Proteção e Abrigo às Mulheres vítimas de violência e a efetiva execução da Ronda Maria da Penha no município. Até março o coletivo prevê uma série de ações na cidade, trazendo à tona a discussão sobre o tema.
Presente na manifestação, a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Daniele Costa, confirma que a pasta tem entrado em contato com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para tratar do julgamento de Thiago Alves; com o MP-BA, além de dialogar com a rede de acolhimento estadual para que Eva Luana tenha o atendimento necessário.
Por meio das redes sociais Eva soube da iniciativa e em mensagem de áudio agradeceu o apoio. “Eu quero dizer que estou completamente entusiasmada com esse movimento que vocês estão fazendo, porque eu posso parecer forte ali nas câmeras, mas por dentro só eu sei a guerra que estou vivendo e pode parecer clichê, por mais que seja apenas uma palavra de apoio para mim é muita coisa, é uma imensidão de amor que eu sinto por cada abraço, por cada palavra, por cada gesto”, falou.
Eva está sob proteção jurídica e o caso corre em segredo de Justiça na 1ª Vara da Justiça pela Paz em Casa, no Fórum Clemente Mariani, em Camaçari. O acusado, Thiago Alves, é indiciado pelos crimes de tortura, abuso e estupro e foi transferido para o Complexo Penitenciário de Salvador, na Mata Escura.
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